terça-feira, 30 de junho de 2009

Casa da Música

Agitação, nostalgia, magia...
Já se fazia tarde... Chegar, reunir, descer aos camarins, vestir rapidamente, fazer de costureira, de cabeleireira e maquilhadora das mais novas que não se continham no nervosismo que sentiam.
Ensaio geral... Aquele homem rechonchudo, que se achava superior só por ser o maestro de uma orquestra, mexia com o sistema nervoso de todas nós! O palco, o centro de toda a emoção e aventura, demonstrava-se mais pequeno do que o imaginado.
Como se costuma dizer: se o ensaio corre mal, o espectáculo correrá bem... com todas as minhas forças rezei para que fosse verdade, pois nem tudo corre bem quando observamos as cadeiras iluminadas e vazias, as mesmas que, no momento decisivo e meias invisíveis no escuro da plateia, abraçam aqueles que nos julgam silenciosamente...
As luzes diminuiram de intensidade calmamente deixando apenas uma réstia da sua presença, como se quisessem passar despercebidas. Um silêncio profundo rodeou o palco... uma música leve começou a tocar, embalando a minha alma, tentando confortar-me, acalmar-me, proteger-nos a todas. Começou e deixei que o destino guiasse os meus passos...

Terá sido a última vez que pisei um palco com o objectivo de encantar, de representar um papel coreografado para o divertimento dos ente-queridos que nos viam? Talvez, mas segredo um desejo profundo de voltar àquele ambiente de modo a sentir novamente aquele nervosismo que me dá tanto prazer, nem que seja apenas como ajudante daquelas que estarão na posição que desempenhei ontem à noite...

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